
Estudo mostra o comprometimento das articulações na diabetes
Foram identificadas modificações na formação do colágeno em estruturas de articulações de ratos com diabetes
Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) verificou qual é o comprometimento das articulações em ratos diabéticos. Os pesquisadores constataram formação de tecido fibroso na membrana que produz líquido lubrificante para tendões e cartilagens (sinóvia) e a predominância de fibras finas na rede de colágeno. A partir destes apontamentos, será possível determinar tratamentos específicos.
“Com a determinação de qual é o comprometimento na articulação, podemos desenvolver outros trabalhos e definir novas condutas terapêuticas” diz a autora do trabalho, a fisioterapeuta Sandra Atayde. A alteração dos tecidos das articulações de diabéticos resulta em tendinites e artroses, que provocam dores, desconforto e rigidez, e pode comprometer a locomoção.
Segundo Sandra, já existem trabalhos que mostram que o excesso de açúcar no sangue compromete as articulações, no entanto, seu trabalho, orientado pela professora Walcy Rosolia Teodoro da FMUSP, identificou o que acontece com o colágeno. A pesquisa de doutorado foi defendida em fevereiro de 2012.
A diabetes melittus é uma doença caracterizada pela crise no metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. Segundo dados de 2007, da Secretaria de Atenção à Saúde, o Brasil tem quase 6,5 milhões de diabéticos na população adulta, e quase 20% da população com mais de 65 anos apresenta a doença.
Colágeno
Com o intuito de avaliar os impactos do problema na composição de estruturas como cartilagem articular, sinóvia, ligamentos e tendões, foi aplicado um modelo experimental, no qual ratos foram induzidos ao diabetes. Para controle dos resultados, também utilizou-se ratos não diabéticos, que compartilharam os mesmos testes dos animais afetados. Em todas as cobaias do experimento, foi avaliado se o colágeno, proteína que dá sustentação para essas estruturas, apresentava algum comprometimento.
As cobaias diabéticas apresentaram, na avaliação microscópica das suas estruturas cartilaginosas, tendíneas e ligamentares, maior número de fibras finas na rede de colágeno, em detrimento aos ratos saudáveis. Esse remodelamento das fibras foi influenciado pelo alto índice de glicose no sangue, quadro que caracteriza o diabetes. Nos ratos afetados, a sinóvia apresentou formação de fibrose (tecido fibroso), o que comprometeu a irrigação sanguínea e consequente nutrição da cartilagem. Houve também, substituição dos tipos de colágeno nas estruturas, o que pode acometer as pequenas e as grandes articulações das pessoas com diabetes.
Pesquisas sobre diabetes costumam investigar somente os efeitos da doença na propensão a complicações cardiovasculares, renais e oculares, porém a dificuldade de locomoção diminui a possibilidade de pessoas com diabetes praticarem exercícios e conseguirem controlar seu peso, por exemplo. Para Sandra, seu trabalho influencia novas pesquisas e facilita a definição de estratégias terapêuticas. Seu grupo de estudos (Equipe do Laboratório de Matriz Extracelular da Disciplina de Reumatologia da FMUSP) continua desenvolvendo estudos sobre o assunto a partir do ponto final de sua pesquisa.
Fonte: Agência USP de Notícias