Plantas Medicinais

Protocolos para pesquisa em psicofarmacologia e plantas medicinais

Por Claudio Andre. Em 10/07/12 21:37. Atualizada em 10/07/12 21:41.

Organizado por pesquisadores da Unifesp, livro reúne conhecimento experimental de especialistas brasileiros na área 

A psicofarmacologia é a ciência que trata da relação entre o uso de substâncias psicoativas e as alterações psíquicas. A fim de fornecer aos pesquisadores da área uma referência de apoio para o planejamento e execução de seus estudos – em especial nos estudos relacionados aos produtos de origem natural –, um novo livro reúne a experiência prática de alguns dos principais especialistas brasileiros na área.

Protocolos em Psicofarmacologia Comportamental – Um Guia para a Pesquisa de Drogas com Ação sobre o Sistema Nervoso Central, com Ênfase nas Plantas foi organizado por Elisaldo de Araújo Carlini, professor titular de Psicofarmacologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Fúlvio Rieli Mendes, pesquisador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp. A obra foi publicada com apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações.

De acordo com Mendes, que é professor de Farmacologia da Universidade Federal do ABC (UFABC), o livro reúne as duas vertentes de especialidade dos organizadores: a psicofarmacologia e a pesquisa com plantas medicinais.

Segundo ele, Carlini, uma das principais referências do Brasil em farmacologia, planejava desde a década de 1980 reunir os dois temas em um guia prático de pesquisa. Há três anos, os dois pesquisadores resolveram que era o momento de realizar o projeto, com a colaboração de especialistas de vários estados do país.

“Embora exista no Brasil uma metodologia de psicofarmacologia bem desenvolvida e um conhecimento avançado da avaliação comportamental em modelos animais, não existia ainda um texto acessível, em português, que traçasse esse panorama, descrevendo cada protocolo e indicando os cuidados que devem ser tomados na pesquisa experimental”, disse Mendes àAgência FAPESP.

A obra é dividida em duas partes. A primeira, mais geral, tem o objetivo de orientar aqueles que trabalham com plantas medicinais. “Oferece critérios para selecionar potenciais bioativos na flora brasileira, orienta a investigação das propriedades químicas das plantas e trata até mesmo do desenvolvimento de psicofármacos sintéticos ou naturais”, explicou.

A segunda parte trata de diversas patologias do sistema nervoso central, discorrendo sobre os modelos que podem ser utilizados para avaliar as drogas apropriadas para essas patologias. Em relação à depressão, por exemplo, os autores discutem quais são os modelos animais que consideram mais vantajosos para a avaliação de drogas antidepressivas.

Os artigos tratam também de drogas ansiolíticas, analgésicas, neurolépticas, antiepiléticas e neuroprotetoras, entre outras. “Cada capítulo apresenta de quatro a seis modelos, discutindo suas variações e os cuidados que o pesquisador deve ter para fazer a interpretação correta dos dados”, disse Mendes.

O livro é essencialmente fundamentado na experiência individual dos autores de cada capítulo. “O Brasil se destaca muito nas pesquisas com plantas medicinais, por conta de sua rica biodiversidade, além de ter muita força na área de neurociências. O livro tem a vantagem de unir a excelência do país nessas duas áreas”, disse.

Mendes destaca que não se trata de um livro didático, mas de uma obra voltada para a pesquisa. “O público-alvo do livro é formado por pesquisadores de todos os níveis – da iniciação científica à pós-graduação – nas áreas correlatas, como neuropsicofarmacologia, neurociência, psicoterapia, farmacologia e química de produtos naturais”, disse.

Fonte: Agência FAPESP